segunda-feira, abril 18, 2005

As Acessibilidades são como o Natal...

...sempre e onde o Homem quiser!!!

Que é como quem diz, as acessibilidades é o Homem que as faz e não o gajo que planeou a estação!

De vez em quando vou a Setubal, quer por motivos profissionais quer por motivos pessoais, sendo que regra geral vou de comboio...só assim vejo, incrédulo, muita das coisas que se passam por aquela estação

O que disse no 2º paragrafo é especialmente válido nessa estação, que se caracteriza por ser daquelas estações que só tem saída para um dos lados da linha e quem quer ir para o outro lado que vá à volta. Se tivermos em conta que a estação fica no centro da terreola, façam ideia do atalhanço que não é naquela estação, onde os resguardos mais parecem um qualquer passeio duma rua, tal é a quantidade de Povo que por lá passa.

Não recrimino as pessoas que fazem isso, pois a alternativa é mesmo ir dar uma voltinha de quase meio quilometro e na qual até se perde altitude, que depois tem de ser ganha. O mais engraçado, é ver as pessoas a saltarem o muro ou a passarem pelo portão, subirem para a plataforma central e depois usarem a passagem inferior para fazer o atravessamento das restantes linhas!

Sim, o ridículo é isto mesmo...há passagem inferior, mas só serve metade da estação!
Uma pessoa que vive em frente a estação do lado da praça do Brasil, andam 100 metros para lá chegar. Quem vive frente à estação do outro lado, anda 600 ou 700 metros, se for legalmente...

Contudo, o que mais me impressionou há uns tempos foi ter assistido uma jovem, amputada de ambas as pernas, de cadeira de rodas atravessar a linha ilegalmente como qualquer outro tuga que s e preze...como?

Simples...

Depois de receber ajuda de dois amigos para sair do comboio da Fertagus (que aparentemente, Setubal tem a única plataforma onde uma pessoa diminuida fiscamente de cadeira de rodas não consegue sair sozinha), é agarrada por um deles e senta-se na beira da plataforma 3....o outro amigo agarra na cadeira de rodas, e passa a cadeira de rodas para o outro lado das linha 3 e 4, para o terreno ai existente...entrementes, o amigo que a tirou da cadeira de rodas já a está a levar as cavalitas e coloca-a na cadeira de rodas no outro lado das linhas. E depois?

Bem é só empurrar...

O porque desta arriscada manobra?

É que para além de necessitar sempre de ajuda para sair do comboio, a jovem na cadeira de rodas, para chegar ao portão no outro lado das linhas 3 e 4 de setubal, teria de superar os seguintes obstáculos:

Descer para a passagem inferiror
Subir para o largo da estação,
Descer para a rua(a estação fica numa encosta)
Percorrer 400 metros até à rua que passa por baixo da linha
Subir uma subida de 200 ou 300 metros que é uma autentica calçada do combro para cadeiras de rodas
E percorrer ainda cerca de 500 metros até ao tal portão....

Ainda chocados pela trabalheira a que a nossa jovem e os dois amigos se deram?

Não bastando o sofrimento que é ser-se diminuido fisicamente, ainda por cima esta sociedade esforça-se por os tornar inválidos, através de infraestruturas, que mesmo depois de sofrerem obras de modernização continuam a ser perfeitamente desadequadas para servirem estes cidadãos...

Venham portanto TGV's e OTAs que é isso que país precisa para progredir. Os diminuidos fisicamente e mesmo o cidadão comum, abençoado por uma compleição fisica normal que se fodam (desculpem lá o desabafo)!
Nunca, como hoje, vi o caminho de ferro ser usado como uma faca para dividir comunidades ao meio, tudo no bom nome da segurança e desenvolvimento. É verdadeiramente impressionante, como mesmo estações modernas conseguem cortar comunidades ao meio, mesmo tendo boas acessibilidades internas para diminuidos fisicamente.
Na linha de Sintra, as estações sempre foram um ponto previligiado de atravessamento das pessoas, de um lado da terra para o outro. Isso, pode se dizer que tem sido respeitado, praticamente nenhuma impede o transito entre ambos os lados da localidade, mesmo a deficientes. Algumas são mesmo um gingantesco canal de passagem, como por exemplo a Amadora.

No eixo norte-sul...bem uma vergonha, em termos de planificação por parte do projectista das mesmas, pois quase todas impedem o atravessamento de um lado para o outro da linha. Fontes bem informadas cá do patacôncio, dizem que mesmo o sistema de portas de acesso da Fertagus é quase inutil em algumas estações, pois revela-se impossivel mante-lo estanque face à necessidade das pessoas atravessarem de um lado para o outro da linha!

No outro dia, andei ali a passear na Venda do Alcaide...aquilo é um must...o comboio pode-lhe parar ao lado da casa mas se morar do lado errado da linha tem de ir dar uma voltinha de 600 metros. É que a estação ao meio tem uma ponte rodoviária, que do lado da estação, tem umas escadas (nada de elevadores ou rampas) para descer de lá. Do outro lado...bem...faça como os carros e vá lá acima.
Mais engraçado ainda é passar na ponte por cima da estação e ir dar uma volta de um quilometro para la chegar com o carro...se souber o caminho...caso contrario não creio que chegue lá.

Definitivamente... até para o comum e normal dos cidadãos já é o suplício que é, imagine-se para os diminuidos fisicamente!

E o mais engraçado é que não há meio das pessoas se consciencializarem disto e os projectos continuarem a sair a merda que saiem


Vou jogar um bocadinho de Need For Speed Underground 2...até amanhã!







1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Em todo o lado é possível atravessar a estação para o outro lado - salvo excepções muito concretas.
Os senhores da Fertagus e Companhia tinham de ser originais...
É o que dá meter gente que nunca andou de comboio na vida a planear caminhos de ferro :\

7:40 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home