sábado, maio 14, 2005

Pequenos GRANDES detalhes

Continuando na minha senda revivalista do passado, venho aqui mais uma vez lamentar me de uma vertente do negócio ferroviário que foi abandonada porque, alegadamente, não era lucrativa. Um estimado amigo meu ao saber que eu ia falar desse assunto, perguntou-me se “na Europa, ainda havia alguma empresa ferroviária que transportasse mercadorias em regime de detalhe” (sim, é esse o assunto!), em jeito de, “lá vais tu falar do passado!”. Pois bem, a ele e a todos os outros que acham que lá porque o resto da Europa não o faz não o devemos fazer aqui, informo, que me estou positivamente cagando para o que o resto da Europa faz! Não temos de os copiar, apenas devemos recolher de lá exemplos e experiências totalmente contextualizadas (tipo TGV por exemplo) para evitarmos, ou mais comummente, corrigirmos os nossos erros.

Para quem não sabe, o regime de mercadorias em detalhe era um negócio que permitia podermos chegar a qualquer estação da rede ferroviária portuguesa (guarnecida) e de lá podermos enviar uma encomenda de qualquer tamanho e/ou para qualquer outra estação da rede nacional, também guarnecida de pessoal. Mas antes da machadada final, já tinha a havido outra, que era o fim da tarifa especial. Não sei ao certo o que era, mas os chefes de estação contam me que era muito vantajoso para as empresas e que aquilo era encomendas às carradas. De um dia para o outro acabaram com essa tarifa e muito do tráfego desapareceu.

Ligado a isto está também o facto de os comboios hoje em dia não levarem furgão e os passageiros serem obrigados a acartar com as suas bagagens para as carruagens. O furgão, levava um funcionário, que para além de tomar conta das encomendas, tinha à sua guarda também as bagagens maiores dos passageiros, que assim não necessitavam de andar com elas atrás para as carruagens, creio que mediante o pagamento de um pequeno suplemento.

O certo é que hoje estamos a assistir a progressiva desertificação dos caminhos de ferro! Estações e comboios estão cada vez mais desertos. O caminho de ferro cada vez mais se parece com a camionagem, sendo que um dia destes até o maquinista vende bilhetes…perdão…já vende, ali para os lados de Mirandela! O grande trunfo do caminho de ferro, que era o seu excelente apoio ao cliente, com um funcionário sempre presente pelo menos nas estações de alguma importância e o de poder viajar grande distâncias com um mínimo de incomodo desapareceu…depois admiram-se que o povo ande a desertificar as carruagens.

O negócio do detalhe, foi entregue a uma subsidiária criada pela CP, chamada TEX. O mais engraçado, é que alguns anos depois, já nem a própria TEX transporta mercadorias de comboio! Mais giro, é que a rede de expressos, continua a fazer transporte de mercadorias nos seus autocarros…e isto é uma coisa que vem dos tempos da saudosa Rodoviária Nacional (que repouse em Paz, pois muita falta faz à Nação…dava prejuízo mas servia as populações…a CP nem uma coisa nem outra!) …e olhem que as tarifas até nem são muito caras!

Bom, por hoje já chega…até um dia destes que me de na veneta para escrever de novo…dessa vez será acerca do pandemónio que se vive ali na “província” situada no eixo Póvoa – Famalicão – Guimarães. (não se ofenda Sr. Rui Silva…olhe que província está entre “” ;-) )

Boa noite