terça-feira, julho 26, 2005

Pepe Rápido na terra das Curvas

Num dos Sábados passados, o nosso muito estimado presidente do conselho (de ministros, entenda-se) foi fazer a inauguração definitiva da Electrificação / CTC do troço Mouriscas – A – Castelo Branco. Definitiva, porque a real já havia sido feita uns valentes dias antes, pelo Povinho, assim à laia de provador de comida dos imperadores romanos. Depois do Povo se certificar que os jingarelhos funcionavam, lá foi o nosso primeiro passear por esse troço “modernizado”, com toda a pompa e circunstância!

Ele foi vê-lo falar das virtudes do Caminho de Ferro (agora modernização da linha do Oeste nada…já agora, será que ele sabe onde fica essa linha?) no conforto da sua poltrona de 1ª classe duma Sorefame Renovada, (cuja fábrica de onde a caixa saiu, hoje já não faz comboios, restando nos a duvida de onde virão os próximos comboios), prometendo que o TGV vem aí (e já agora…se isso e tão bom, porque razão não o fizeram antes? Os fundos comunitários andam aí há 20 anitos!) e que a modernização da linha da Beira Baixa é para completar (O que ele não diz, é que isso só acontece porque alguém há 112 anos atrás inaugurou o troço Covilhã – Guarda, tornando esta linha uma alternativa à Beira Alta, porque se faltasse construir o troço Covilhã – Guarda, fechavam logo a linha de Castelo Branco para cima).

O que não se falou foi da quantidade de anos que se demorou a fazer aquela modernização, ao que consta ao vertiginoso ritmo de 55 metros dia….e pelos vistos ainda agora vão renovar e corrigir o traçado da via…

Entrementes, a A23 ali o lado lá vai fazendo concorrência ao caminho de ferro…não pela rapidez, ao contrario do que muitos julgam, mas pela pouca frequência do Caminho de Ferro! Comparemos:

Autocarro – 2H35 – 10 Euros – 9 Ligações/dia(so metade das ligações faz este tempo, o resto faz em 3H40!)
Comboio IC– 3H00 – 12,5 Euros – 2 Ligações/dia
Comboio Regional - 3H30 - +- 10 Euros – 4 Ligações/dia

Em termos directos, em alguns horários, o autocarro ganha por KO…essa é a análise simplista da questão. Contudo, se pensarmos bem, o comboio não está assim tão mal, pois em conforto e segurança bate aos pontos a camionagem! E as pessoas sabem disso. Não é por mais 25 minutos que as pessoas deixam de ir de comboio…simplesmente é pela falta de ligações…isto é o senso comum Português…Os Portugueses deixaram de andar de comboio porque deixaram de haver comboios nos principais eixos!

Na Beira Baixa(e no resto da Rede), o erro, é a falta de frequência e a oferta concentrada excessiva de lugares. Em dias normais (tipo, 3ª a 5ª) Um IC da Beira Baixa oferece + - 160 lugares de 2ª classe e cerca de 30 de 1ª classe…a isto corresponde uma locomotiva e três carruagens. Ora como a CP só tem cerca de 20 locomotivas eléctricas para serviço de passageiros (o resto anda tudo entregue aos graffers…perdão… Mercadorias) isto, juntamente com o limitado parque de carruagens com Ar Condicionado (sim, que as Sorefames, como não têm A/C, passaram de bestiais a bestas, sendo por ai “devidamente” guardadas aos cuidados dos graffers…perdão…de ninguém***) não dá para muito, até porque acabaram de descobrir que os comboios para o Algarve também enchem (já enchiam dantes mas eles esqueceram-se desse facto e agora de novo, voltaram a reparar nisso).

Perante estes factos, torna-se óbvio que apenas é rendivel à CP a operação frequente de comboios rápidos Inter Cidades, no Eixo Braga – Porto – Lisboa – Faro, pois a operação Maquina + Carruagens é uma operação que pelas suas características não é rendivel (quer dizer, pode ate não ser mas é sempre um desperdício de material motor) com menos de cinco / seis carruagens. E mesmo o Eixo Lisboa Faro só atesta mesmo no Verão e determinados FDS!

Assim sendo, volto a defender o imperativo da “automotorização” da CP, de forma a se poder operar mais comboios. As 3400 (as automotoras novas do grande Porto) teriam sido uma boa opção, contudo, como foi decidido o encosto das UTE’s 2000 (as antigas da linha de Sintra) ao invés da sua modernização (chegou-se a falar e creio que mesmo a testar, uma configuração em que se agarrava em 2/3 de duas UTE’s e se formava uma UQE, aproveitando a Motora e o Reboque Central de cada UTE), não mais são uma opção.

Para os mais intrigados acerca de como se transformava uma automotora suburbana numa automotora de IC, devo referir que em termos de disposição interior, os bancos são facilmente trocáveis e facilmente se metia la mais uma caixa com uma casa de banho e um bar. A Automotora está autorizada a 140 km/h mas facilmente se metia a 160 km/h (era só trocar umas engrenagens).

Perante este cenário, só mesmo comprando automotoras novas para o serviço IC. A meu ver, é necessário adquirirem-se automotoras eléctricas, de três carruagens, por terem uma relação custo/capacidade/potência boa. É que facilmente se mete numa automotora eléctrica uma boa potência, que chegue perfeitamente para levar um comboio aos 160 km/h com uma formação de uma motora e dois reboques. Estes veículos deverão ser dotados de portas de intercomunicação nas extremidades e de Bar/maquinas de vending.

Isto tudo seria para se poder fazer, no mínimo, comboios de 2 em 2 horas nos principais eixos IC, que hoje em dia estão todos electrificados, à excepção do de Beja e do troço Covilhã – Castelo Branco…contudo não há de tardar muito para que se tenha estes troços electrificados e um novo eixo IC…. Évora – Lisboa! Isto logo que se tenha a renovação e electrificação concluídas na linha de Évora. Claro que como é costume, veremos o pessoal da CP a queixar-se que não tem, material, pelas razões acima expostas…e eu ainda gostaria de saber onde vão eles buscar material circulante….À EMEF? Esses nem vagões parecem “saber” construir…(não me refiro aos trabalhadores, os quais muito respeito mas aos administradores!)

Claro que eu preferia o retorno dos míticos IR…mas esses são os filhos ingratos de um sistema ferroviário como o nosso…

Vou ver algo de educativo…Novela Time!