sexta-feira, fevereiro 17, 2006

Segurança

É pregado por aí aos sete ventos, por tudo o que é empresa do ramo, que a segurança é uma prioridade etc. e tal.

O facto, é que assim é, de uma forma, mais ou menos organizada, os critérios de segurança lá vão sendo cumpridos.
O Tuga sabe bem como trabalha e por isso estabeleceu critérios a prova de si próprio, que lhe permitem infringir ligeiramente as regras por si estabelecidas, em perfeita segurança.
Se neste campo não estamos mal, no que toca a quando as coisas acontecem, estamos muito mal.

RELATIVAMENTE AOS ULTIMOS 2 PARAGRAFOS, ESQUEÇAM… VEJAM:

http://pscp.blogspot.com/2006/02/quem-acode-cp.html

PARECE QUE O QUE O LVC DIZIA SE VOLTA A REPETIR…
“MUDAM-SE OS TEMPOS, MUDAM-SE AS VONTADES”

QUE MERDA….

MAS CONTINUANDO…

Vai havendo por aí muito plano de segurança que parece daquelas chaves de fendas profissionais, que quando testamos são uma maravilha e que quando se precisa delas a sério, elas entortam, tipo chave de fendas do Chinês!
Os simulacros são uma festa e correm sempre bem. São mais um motivo para a malta lá de cima se juntar e almoçar que outra coisa qualquer. A esmagadora maioria dos funcionários, apenas sabe aquilo do papel e mesmo assim, mal e porcamente. Vale que a linha de comando ferroviária esta relativamente bem estruturada, na sua base e basta seguir as linhas de comando habituais, para que a malta que participa nos simulacros, seja rapidamente informada e voluntariamente se vá por em campo indo garantidamente atrapalhar aquilo que já é confuso, só para dar um ar da sua competência (e tentar demonstrar que até servem para algo!). Aliás, a minha parte favorita destas merdas, é quando o "Shôr" Inspector me diz que "não se preocupe que já tamos a tratar de tudo!". Aí, rapo da check list de sobrevivência para estes casos:

- Sandes de presunto.
- Garrafa de Água.
- ORV** em segurança.
- Estores Corridos
- Vara de Terra em posição de ataque
- Lanterna de sinais como “ backup ”

** - ORV = Operador de Revisão e Venda, revisor para o Povo, Revisor-Condutor para a malta da velha guarda

O mais grave disto tudo é que a quase totalidade dos interessados não tem sequer acesso à informação de como deve proceder numa situação anormal.
E quem são esses tais interessados?

Nem mais nem menos que os passageiros, clientes, utentes ou lá o que lhes chamem nos dias de hoje! Não há em nenhum sítio de uma composição que seja, procedimentos de referência para que os passageiros se possam guiar em caso de anormalidade. Depois admiram-se que quando alguém esta indisposto, se puxe um sinal de alarme a meio de um túnel ou que ao fim de meia hora desate tudo a saltar para a linha e a por se a penantes, especialmente quando a estação e logo ali.8
Esperam que em caso de acidente, um ou dois agentes, não fiquem incapacitados e consigam controlar aquela maralha de mil ou duas mil pessoas completamente desorientadas (no mínimo)

Enfim, esperam que toda a gente tenha o senso comum de um ferroviário, nem se dando ao trabalho de disponibilizar ou afixar instruções de como proceder em caso de acidente ou anormalidades.

http://www.tfl.gov.uk/tube/using/useful-info/safety/safety-tips.asp (Metro de Londres)

http://www.mta.info/nyct/safety/evacuation/home2.htm (Metro de Nova Iorque)

http://www.mta.info/nyct/evacuation/evacuation.htm (vídeo!!!)

http://www.mta.info/mnr/html/mnrsafety.htm (Caminho de Ferro da mesma Autoridade)

Nos Caminhos de Ferro britânicos em geral, essas informações estão afixadas nos comboios, sendo muitas vezes repetidas nas revistas disponibilizadas para leitura.


Outra coisa com que as cabecinhas fumegantes que fazem estes planos todos pipis, ainda não se preocuparam, foi com o facto de as portas automáticas dos comboios não disporem de dispositivos que permitam os desbloqueio das mesmas a partir do exterior do comboio.
Bom, está mais do que provada a utilidade deste mecanismo, pois em caso de acidente permite um fácil acesso das equipas de resgate ao interior do comboio. A instalação, que é obrigatória nos EUA, desde um acidente no estado do Maryland, envolvendo um comboio suburbano de Washington DC, que vindo de amarelo, parou numa estação e o maquinista, ao retomar a marcha, se esqueceu do amarelo. Quando avistou o sinal fechado, foi tarde demais e espetou-se contra outro comboio, que vinha em sentido oposto (isto é o designado pelos bifes como SOYSPAD, Starting Over Yellow Signal Passed At Danger) (podem ver as conclusões no pdf abaixo referido na pagina 83 de 155).

Podem ver o inquérito em: http://www.ntsb.gov/publictn/1997/RAR9702.pdf página 86 de 155 do pdf , 4º paragrafo, com a referencia ao fim do mesmo (R-97-19). Já agora vejam as restantes recomendações.

No Reino Unido também há uns inquéritos com umas conclusões muito giras:

Ladbroke Grove, http://www.hse.gov.uk/railways/lgrplan1.pdf 38 de 56, recomendação 69 e 70

Southall, http://www.hse.gov.uk/railways/southall/southallhscap.pdf 15 de 54, recomendação 47

(Creio que também saiu uma recomendação de instalação de dispositivos de emergência de abertura exterior das portas na sequência do acidente de Hatfield)

Ou então uma declarações muito giras do guarda do comboio “que ia bem” e que se espetou contra o comboio DE AGENTE ÚNICO que passou um vermelho (cá é improvável que aconteça este cenário. Contudo, em caso de acidente que envolva um ou mais comboios de agente único podemos ter este cenário)

http://news.bbc.co.uk/1/hi/uk/4542952.stm


Passo a citar o trecho mais interessante:

"On the day of our crash, I was outside my train trying to break in the Thames train that crashed into us.
"There was no guard on the train, the driver was dead and people were burning inside and I couldn't break into the train.”


“No dia do nosso acidente, Eu estava no exterior do meu comboio a tentar forçar a entrada no comboio (da Thames trains) que embateu contra nós”
“Não havia guarda no comboio (da thames), o maquinista estava morto e as pessoas a arder lá dentro e eu não conseguia entrar no comboio”


Desde já proponho aqui três vivas ao AGENTE ÚNICO…

Claro que há o oposto, a roçar a estupidez… http://www.railpage.com.au/news-1933.htm


bom, já chega que não quero matar o bicho hoje...

abraço

daqui a uns tempos volto...